Pra Longe do Paranoá (Oswaldo Montenegro)
Numa tarde quente eu fui me embora de Brasília
Num submarino do lago Paranoá
Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro
Namorando Madalena na beira do mar
Qualquer dia mãe, você vai ter uma surpresa
Vendo na TV meu peito quase arrebentar
Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro
Namorando Madalena na beira do mar
Quem quiser que faça o velho jogo da política
Na sifilítica maneira de pensar
Quero ser estrela lá no Rio de Janeiro
Namorando Madalena na beira do mar
Eu tenho o coração vermelho e o que
Canto é o espelho do que se passa por lá
Lá no Rio de Janeiro
Namorando Madalena na beira do mar
Estrada Nova (Música: Mongol / Letra: Oswaldo Montenegro)
Eu conheço o medo de ir embora
Não saber o que fazer com a mão
Gritar pro mundo e saber
Que o mundo não presta atenção
Eu conheço o medo de ir embora
Embora não pareça, a dor vai passar
Lembra se puder
Se não der, esqueça
De algum jeito vai passar
O sol já nasceu na estrada nova
E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar
Eu conheço o medo de ir embora
O futuro agarra a sua mão
Será que é o trem que passou
Ou passou quem fica na estação?
Eu conheço o medo de ir embora
E nada que interessa se pode guardar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar
Lume de Estrelas (Oswaldo Montenegro/Mongol)
Toda vez que eu volto, tô partindo
E no sentido exato é por saudade
Ah, coração! taí a festa e nós
Por aí vai nossa colorida idade
Diga depressa com quantas paixões
Faz-se a canoa do amor que a gente quer
E quando eu não voltar acenda o mesmo lume
De estrelas que eu deixei no teu olhar
Rasura (Oswaldo Montenegro)
Me desculpe o mesmo gesto
Meu constante gesto insano
Que por mais que a mente negue
Teu coração ele marcou
Como a lógica dos fatos
Que eu traí a todo instante
Rasurando nosso branco
Com a mistura que eu sou
Me desculpe o gesto louco
A aspereza da loucura
'Inda queima no meu calmo
Doido e calmo coração
Mas por que, se a gente é tanto
Nosso amor sofreu rasura?
Nosso inconfundível gesto
eu desfiz na minha mão
Me desculpe, ou melhor, não
Me abrace e comemore
Que a rasura que foi feita
Foi perfeita na sua hora
E mais que o mais perfeito
Rasurar valeu a pena
Como esteve rasurado
O primeiro original
Do mais lindo poema
Vamos Celebrar (Oswaldo Montenegro)
Eu gosto de andar pela rua bater papo, de lua e de amigo engraçado
Eu gosto do estilo do Zorro, o visual lá do morro e de abraço apertado
Eu gosto mais de bicho com asa, mais de ficar em casa e mais de tênis usado
Eu gosto do volume, do perfume, do ciúme, do desvelo e do cabelo enrolado
Eu gosto de artistas diversos, de crianças de berço e do som do atchim
Eu gosto de trem fora do trilho, de andar com meu filho e da cor do marfim
Tem gente, muita gente que eu gosto, que eu quase aposto que não gosta de mim
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Eu gosto de artista circense, de artista que pense e de artista voraz
Eu gosto de olhar para frente, de amar para sempre o que fica pra trás
Eu gosto de quem sempre acredita, a violência é maldita e já foi longe demais
Eu gosto do repique do atabaque, do alambique badulaquer do cachimbo da paz
Eu gosto de inventar melodia, da palavra poesia e da palavra com til
Eu gosto é de beijo na boca, de cantora bem rouca e de morar no Brasil
Eu gosto assim do canto do povo e de tudo que é novo e do que a gente já viu
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Eu gosto de atores que choram ali por nós e namoram ali por nós na TV
Eu gosto assim de quem é eterno e de quem é moderno e de quem não quer ser
Eu gosto de varar madrugada, de quem conta piada e não consegue entender
Eu gosto da risada da risada gargalhada, da beleza recriada pra que eu possa rever
Eu gosto de quem quer dar ajuda e acredita que muda o que não anda legal
Eu gosto de quem grita no morro que a alegria é socorro e que miséria é fatal
Eu gosto do começo do avesso, do tropeço do bebum que dança no carnaval
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Eu gosto de ver coisa rara a verdade na cara é do que gosto mais
Eu gosto porque assim vale à pena, a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais
Eu gosto é que Deus cante em tudo e que não fique mudo morto em mil catedrais
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Mel do Sol (Oswaldo Montenegro)
O verão chegou trazendo a voz
da paixão que escorre mel do sol
e incendeia o nosso coração
menino
brincando na areia
que a paixão saiba cuidar de nós
passageiros como a luz do sol
que incendeia o nosso coração
menino
brincando na areia
madrepérola de cores vãs
no vitral insone das manhãs
que eu vi passar enquanto o sol
menino
brincava na areia
Que o verão saiba cuidar de nós
que você beba do mel do sol
e que a sombra que o verão trará
possa descansar seu corpo
menino
brincando na areia
Lua e Flor (Oswaldo Montenegro)
Eu amava, como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor
Eu sonhava como a feia na vitrine
Como carta que se assina em vão
Eu amava, como amava um sonhador
Sem saber por que
E amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia não amanhece não
Eu amava como um pescador
Que se encanta mais com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te contar
Por Brilho (Oswaldo Montenegro)
Onde vá
Onde quer que vá
Leva o coração feliz
Toca a flauta da alegria
Como doce menestrel
Onda vá,
Onde quer que eu vá
Vou estar de olho atento
À tua menor tristeza
Por no teu sorriso o mel
Onde vá
Vá para ser estrela
As coisas se transformam
Isso não é bom nem mal
e onde quer que eu esteja
O nosso amor tem brilho
vou ver o teu sinal
Léo e Bia (Oswaldo Montenegro) Participação Especial: Zeca Baleiro
No centro de um planalto vazio
como se fosse em qualquer lugar
como se a vida fosse um perigo
como se houvesse faca no ar
como se fosse urgente e preciso
como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E Léo e Bia souberam amar
Intuição (Oswaldo Montenegro/Ulysses Machado)
Canta uma canção bonita falando da vida em ré maior
Canta uma canção daquelas de filosofia e mundo bem melhor
Canta uma canção que agüente essa paulada e a gente bate o pé no chão
Canta uma canção daquelas, pula da janela e bate o pé no chão
Sem o compromisso estreito de falar perfeito, coerente ou não
Sem o verso estilizado, o verso emocionado, bate o pé no chão
Canta o que não silencia é onde principia a intuição
E nasce uma canção rimada da voz arrancada ao nosso coração
Como sem licença o sol rompe a barra da noite sem pedir perdão,
Hoje quem não cantaria grita a poesia e bate o pé no chão
Aquela Coisa Toda (Mongol)
Olhe bem nos meus olhos
Olhe bem pra você
O fato é que a gente perdeu toda aquela magia
A porta dos meus quinze anos não tem mais segredo
E velha, tão velha ficou nossa fotografia
Olhe bem nos meus olhos
Olhe bem pra você
A quem é que a gente engana com a nossa loucura?
Decerto que a gente perdeu a noção do limite
E atrás tem alguém que vira, que virá, que virá, que virá
A Lista (Oswaldo Montenegro)
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Sou uma criança não entendo nada - Erasmo Carlos
Antigamente quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente minha mãe dizia:
"Ele é uma criança, não entende nada"...
Por dentro eu ria
Satisfeito e mudo
Eu era um homem
E entendia tudo...
Hoje só com meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem quando fico sério:
"Ele é um homem e entende tudo"...
Por dentro com
A alma tarantada
Sou uma criança
Não entendo nada...
Andando e Andando em Copacabana (Oswaldo Montenegro)
Eu tava andando em Copacabana
Assim com jeito de fim de semana
E vi alguém virando um brâmani oriental
Entrei num bar, pedi logo uma Brahma
Achei perfeita a confusão que emana dessa terra
E achei você meio sem sal
Não é que seja uma visão sacana
Mas você, menina, até hoje se ufana
De ter lido Goethe no original
Dispense a carta, mande um telegrama
Chame de orgasmo o que sentiu na cama
E vá rever Viena nesse carnaval
Eu acho leve o tal rock pesado
Acho que ser ou não se ser viado tá ultrapassado
E não me leve a mal
Eu continuo em Copacabana sem saudades suas
Acabou a grana e esse nosso amor que eu já achei bacana
Chega ao seu final
Mudei de tom pra ver se a coisa muda
Mas a melodia hoje não me ajuda
Ai meu Deus, valei
Meu São Jobim me acuda, que esse tom tá mal
E ainda que pese na tua balança
Aquela velha frase que quem corre alcança
Hoje eu vou de táxi, que correr cansa
E eu não tô legal
Eu não tô legal
Eu não tô legal
Bandolins (Oswaldo Montenegro)
Como fosse um par que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não, e por que não dizer
Que o mundo respirava mais se ela apertava assim seu colo
E como se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins
Como fosse um lar seu corpo a valsa triste iluminava
E a noite caminhava assim
E como um par o vento e a madrugada
Iluminavam a fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança
Que entra na roda a noite tá no fim
E ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins
Condor (Oswaldo Montenegro)
Quando voa o condor
Com o céu por detrás
Traz na asa o sonho
Com o céu por detrás
Voa condor
Que a gente voa atrás
Voa atrás do sonho
Com o céu por detrás
Quando voa o condor...
Ah, que o vôo do condor no sol
Trace a linha da nossa paixão
Eu quero que seja
Mostrada no meio da rua e rolando no chão
Ah, que a gente despedace em luz
Ah, que Deus seja o que quiser
Explode a cabeça
Com olho de bicho
Mas com um coração de mulher
Quando voa o condor...
Ah, se fosse como a gente quer
Ah, e se o planeta explodir
Eu quero que seja
Em plena manhã de domingo
E que eu possa assistir
Ah, que a miserável condição
Da raça humana procurando o céu
Levante a cabeça
E ao levantar por encanto
Escorregue o seu véu
Quando voa o condor...
Lua e Flor (Oswaldo Montenegro)
Eu amava, como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor
Eu sonhava como a feia na vitrine
Como carta que se assina em vão
Eu amava, como amava um sonhador
Sem saber por que
E amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia não amanhece não
Eu amava como um pescador
Que se encanta mais com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te contar